terça-feira, 11 de setembro de 2007

As 3 Fases

“O primeiro chá é amargo como a vida, o segundo doce como o amor e o terceiro suave como a morte”.

Normalmente o eco enfraquece com o tempo, até que desaparece.
Mas nem sempre.
Existem frases que ecoam cada vez mais alto, chamam por nós, não querendo ser esquecidas.

Esta ecoa dentro de mim desde sábado.

A voz daquela mulher levou-nos dali… e lá ficamos até a sensatez nos levantar.

Assisti, pela primeira vez, a um ritual. A preparação do chá.
O clima embriagou-me. Um conjunto de pormenores e regras que não pertencem aos meus códigos e que tento decifrar.
Os tapetes amaciam o peso dos corpos no chão.
Os 6 pequeninos copos são alinhados com precisão.
Folhas de hortelã-pimenta esmagadas fervem. Duas vezes.
O bule eleva-se e despeja o chá para o primeiro copo, que verte sucessivamente para os restantes. Despeja-se de muito alto, e rigorosamente para o centro dos pequenos copos.
O último já só é presenteado praticamente com espuma.
Volta para o bule. Ferve pela terceira vez, juntando-se-lhe mais água.
Depois da terceira fervura é finalmente servida a primeira rodada de chá.
A tradição reza que quem aceitar a primeira tem de aceitar as duas seguintes.
Não aceitar a primeira ou as duas restantes resulta numa ofensa grave ao anfitrião. Assim a opção é, pura e simplesmente, aceitar todas.
As rodadas seguintes são feitas a partir do mesmo chá, juntando-se apenas um pouco mais de água.
So simple like that :)

A tradição enriquece-nos.
Suscita novas observações.
Eleva-nos fazendo com que despejemos com exactidão e clareza outra forma de ver. Com pontaria rigorosa. Certeira no nosso coração. Tal como o bule no copo.

Existem sempre três fases. O três está presente quase sempre, mesmo que de forma dissimulada. Mesmo noutra cultura.

A caracterização do café também passa por esse número mágico.
“Um bom café é preto como a noite, forte como o desejo e doce como o Amor!”


A vida será amarga?
Episódios amargos sim, mas não passam disso mesmo: episódios.
O amor é doce?
Claro que sim. O Amor é para ser bom. Quando não é existem outras palavras mas indicadas para aplicar.
Suave como a morte…?
I hope so.

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